Temporada Primavera verão 2012/2013 inicia com desafio de enfrentar as empresas de fora.
A
temporada primavera-verão 2012 começa na terça (22) no Brasil com a abertura do
Fashion Rio.Os desfiles acontecem em um cenário balançado pela adoção de um
novo calendário da moda nacional e pelo medo de que uma crise, gerada sobretudo
pela entrada e expansão de marcas estrangeiras no mercado brasileiro,
prejudique o ainda frágil esquema de crescimento da indústria local --e,
principalmente, do nicho do luxo. Neste ano, ocorrerão não duas, como de
costume, mas três edições do Fashion Rio e da São Paulo Fashion Week. O
inverno, portanto, será exibido em outubro próximo e não somente em 2013.A mudança
visa incluir o Brasil na sequência de datas das maiores semanas de moda do
mundo, o que significa um alinhamento com os esquemas mundiais de fornecedores
e lançamentos. Mas a mudança do calendário foi apenas um fator de transição que
trouxe à tona uma série de problemas estruturais da moda, incluindo a
fragilidade de certa porção do mercado nacional diante da concorrência
norte-americana e europeia. A reportagem falou com estilistas,
entidades e empresários do Fashion Rio e da SPFW, donos de diferentes negócios,
e ouviu que, por trás do glamour das semanas de moda, está um setor que luta
contra a falta de parque industrial e de políticas de incentivo e que enfrenta
a falta de união entre os próprios designers.
Oskar Metsavaht, estilista e dono da Osklen:
"As marcas locais de luxo que
trabalham com cópias de roupas europeias vão quebrar com a chegada dos
originais.
A
indústria têxtil tem interesses no mundo inteiro e faz lobby com o governo.Os
estilistas são outro setor que concorre com os grandes industriais donos de
marca. Somos os mais frágeis da cadeia, mas quem defende a imagem da moda somos
nós. Há guerra de egos entre os designers, somos desunidos e bem amadores nesse
ponto. Precisamos de mais liderança. O governo não entende que por trás de uma
Chanel ou de uma Prada existe uma cadeia enorme que gera empregos."
Clô Orozco, estilista e dona
da Huis Clos:
"Tive de pular essa estação para
vender minha coleção comercial. Sou a favor da mudança [de calendário], mas foi
brusca, não houve respiro.Precisamos de menores taxas de importação de tecido
para competirmos com os grandes nomes da Europa e dos EUA. E de investimentos
em maquinário. Poderíamos ser polos exportadores de malharia de luxo e seda,
por exemplo."
Reinaldo
Lourenço, estilista e dono da marca homônima:
"Cadê
as máquinas? Marcas como Armani e Prada surgiram da industrialização
incentivada pelo governo italiano. Temos de olhar mais a moda pelo lado da
engenharia, da infraestrutura. Só a imagem não basta para levantar um mercado
inteiro. Nosso setor deveria se aproximar mais dos ministérios da Fazenda e do
Desenvolvimento, e não só do da Cultura. O diálogo com a presidente Dilma
estacionou nesse sentido.
Rony Meisler, dono da
grife Reserva:
"Há
conflitos de interesses empresariais que impedem o crescimento da indústria
têxtil. Além disso, não há incentivos eficazes para a qualificação de mão de
obra. Com a chegada dos estrangeiros, muita gente vai quebrar."
Waldemar Iódice, dono da
Iódice e presidente da Abest (Associação Brasileira de Estilistas):
"O mercado local vem se
profissionalizando, e a concorrência estrangeira é salutar. Mas ainda não tive
oportunidade de reunir os estilistas para saber do impacto da chegada das
marcas estrangeiras
Moda
é disciplina, não é só reclamar. Não dá pra montar o ateliê e ficar lá no
auê...
A
Abest acaba de criar uma feira de negócios, o Salão +B [que ocorre de 29 a 31
de maio, no Mube, em São Paulo], que terá um conteúdo agregado de arte e luxo.
O governo do Estado está empolgadíssimo com o Ministério da Cultura nessa
empreitada.
Fernando Pimentel, diretor
superintendente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção):
"Não há conflitos de interesses na
indústria têxtil, e meu telefone está ligado o dia inteiro para quem quiser
conversar sobre esse assunto
Também trabalhamos bastante com a Abest
para defender os interesses comuns do setor têxtil, dos designers e das conf
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